quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MAGNIFICAT - Cântico da Virgem Maria


                     «Magníficat» (Lc 1, 46-55)


46.E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
47.meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48.porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
49.porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
50.Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
51.Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
52.Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
53.Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
54.Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
55.conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.




M. BROEDERLAM - ANUNCIAÇÃO E VISITAÇÃO


1 - No Magníficat Maria celebra a obra admirável de Deus
1. Maria, inspirando-se na tradição do Antigo Testamento, celebra com o cântico do Magníficat as maravilhas que Deus realizou nela. Esse cântico é a resposta da Virgem ao mistério da Anunciação: o anjo convidou-a a alegrar-se; agora Maria expressa o júbilo de seu espírito em Deus, seu salvador. Sua alegria nasce de ter experimentado pessoalmente o olhar benévolo que Deus dirigiu a ela, criatura pobre e sem influência na história.
Com a expressão Magníficat, versão latina de uma palavra grega que tinha o mesmo significado, é celebrada a grandeza de Deus, que com o anúncio do anjo revela sua onipotência, superando as expectativas e as esperanças do povo da aliança e inclusive os mais nobres desejos da alma humana.
Frente ao Senhor, potente e misericordioso, Maria manifesta o sentimento de sua pequenez: "Minha alma proclama a grandeza do Senhor; alegra meu espírito em Deus, meu salvador, porque olhou para a humilhação de sua escrava" (Lc 1,46-48). Provavelmente, o termo grego tapeinosis foi tirado do cântico de Ana, a mãe de Samuel. Com ele indicam a  "humilhação" e a "miséria" de uma mulher estéril (cf. 1 S 1,11), que encomenda sua pena ao Senhor. Com uma expressão semelhante, Maria apresenta sua situação de pobreza e a consciência de sua pequenez perante Deus que, com decisão gratuita, colocou seu olhar sobre ela, jovem humilde de Nazaré, chamando-a a converter-se na mãe do Messias.
2. As palavras "de agora em diante todas as nações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48), têm como ponto de partida a felicitação de Isabel, que foi a primeira a proclamar a Maria "bendita" (Lc 1,45). O cântico, com certa audácia, prediz que essa proclamação  irá se estendendo e ampliando com um dinamismo incontido. Ao mesmo tempo, testemunha a veneração especial que a comunidade cristã sentiu pela Mãe de Jesus desde o século I. O Magníficat constitui a primícia das diversas expressões de culto, transmitidas de geração em geração, com as quais a Igreja manifesta seu amor à Virgem de Nazaré.
3. "O Poderoso fez em mim maravilhas; seu nome é santo e sua misericórdia chega aos fiéis de geração em geração" (Lc 1,49-50).
O que são essas  "maravilhas" realizadas em Maria pelo Poderoso? A expressão aparece no Antigo Testamento para indicar a libertação do povo de Israel do Egito ou da Babilônia. No Magníficat refere-se ao acontecimento misterioso da concepção virginal de Jesus, acaecido em Nazaré depois do anúncio do anjo.
No Magníficat, cântico verdadeiramente teológico porque revela a experiência do rostro de Deus feita por Maria, Deus não só é o Poderoso, a quem nada é impossível, como havia declarado Gabriel (cf. Lc 1,37), mas também o  Misericordioso, capaz de ternura e fidelidade para com todo ser humano.
4. "Ele faz proezas com seu braço; dispersa os soberbos de coração; derruba do trono os poderosos e enaltece os humildes; os famintos os sacias de bens e despede os ricos de mãos vazias" (Lc 1,51-53).
Com sua leitura sapiencial da história, Maria nos leva a descobrir os critérios da misteriosa ação de Deus. O Senhor, confundindo os critérios do mundo, vem em auxílio dos pobres e pequenos, em detrimento dos ricos e dos poderosos, e, de modo surpreendente, enche de bens os humildes, que lhe encomendam sua existência (cf. Redemptoris Mater, 37).
Estas palavras do cântico,  ao mesmo tempo em que nos mostram em Maria um modelo concreto e sublime, nos ajudam a compreender que o que atrai a benevolência de Deus é sobretudo a humildade de coração.
5. Por último, o cântico exalta o cumprimento das promessas e a fidelidade de Deus com o seu povo escolhido: "Auxilia a Israel, seu servo,  lembrando-se de sua misericórdia, como havia prometido a nossos pais, em  favor de Abraão e sua descendência para sempre" (Lc 1,54-55).
Maria, cheia de dons divinos, não se detém a contemplar seu caso pessoal, mas compreende que esses dons são uma manifestação da misericórdia de Deus a todo seu povo. Nela Deus cumpre suas promessas com uma fidelidade e generosidade abundantes.
O Magníficat, inspirado no Antigo Testamento e na  espiritualidade da filha de Sião, supera os textos proféticos que estão em sua origem, revelando na "cheia de graça" o início de uma intervenção divina que vai além das  esperanças messiânicas de Israel: o mistério santo da Encarnação do Verbo.
(Catequese de João Paulo II - 6-XI-96)


2 - Magnificat: cântico da Virgem Maria
Queridos irmãos e irmãs

1. Chegamos agora ao final do longo itinerário começado há precisamente cinco anos, na primavera de 2001, pelo meu amado Predecessor, o inesquecível Papa João Paulo II. O grande Papa quisera percorrer nas suas catequeses toda a sequência dos Salmos e dos Cânticos que constituem o tecido orante fundamental da Liturgia das Laudes e das Vésperas. Tendo chegado ao fim desta peregrinação textual, semelhante a uma viagem no jardim florido do louvor, da invocação, da oração e da contemplação, deixemos agora o espaço àquele Cântico que idealmente sela toda a celebração das Vésperas, o Magnificat(Lc1,46-55).
É um cântico que revela em filigrana a espiritualidade dos anawim bíblicos, isto é, daqueles fiéis que se reconhecem "pobres" não só no desapego de qualquer idolatria da riqueza e do poder, mas também na humildade profunda do coração, despojado da tentação do orgulho, aberto à irrupção da graça divina que salva. De facto, todo o Magnificat, que ouvimos agora pela "Capela Sistina", está assinalado por esta "humildade", em grego tapeinosis, que indica uma situação de humildade e pobreza concretas.
2. O primeiro movimento do cântico mariano (cf. Lc 1, 46-50) é uma espécie de voz solista que se eleva em direcção ao céu para alcançar o Senhor. Com efeito, observe-se o ressoar constante da primeira pessoa: "A minha alma... o meu espírito... meu salvador... chamar-me-ão bem-aventurada... fez grandes coisas em mim...". A alma da oração é, portanto, a celebração da graça divina que transbordou no coração e na existência de Maria, tornando-a a Mãe do Senhor. Ouvimos precisamente a voz de Nossa Senhora que fala assim do seu Salvador, que fez maravilhas na sua alma e no seu corpo.
A estrutura íntima do seu canto é, portanto, o louvor, o agradecimento, a alegria reconhecedora. Mas este testemunho pessoal não é solitário, intimista ou puramente individualista, porque a Virgem Mãe está consciente de ter uma missão a cumprir pela humanidade e a sua vicissitude insere-se no âmbito da história da salvação. E assim pode dizer: "A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem" (v. 50). Com este louvor ao Senhor Nossa Senhora dá voz a todas as criaturas remidas, que no seu "Fiat", assim como na figura de Jesus nascido da Virgem, encontram a misericórdia de Deus.
3. Neste ponto desenvolve-se o segundo movimento poético e espiritual do Magnificat (cf. vv. 51-55). Ele possui uma tonalidade mais coral, como que se à voz de Maria se associasse a da inteira comunidade dos fiéis que celebram as opções surpreendentes de Deus. No original grego do Evangelho de Lucas temos sete verbos no aoristo, que indicam igual número de acções que o Senhor realiza de modo permanente na história: "Manifestou o poder do seu braço... dispersou os soberdos. Derrubou os poderosos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens... despediu os ricos... acolheu Israel".
Neste septenário de obras divinas é evidente o "estilo" no qual o Senhor da história inspira o seu comportamento: ele declara-se da parte dos últimos. O seu é um projecto que com frequência está escondido sob o terreno obscuro das vicissitudes humanas, que vêem triunfar "os soberbos, os poderosos e os ricos". Contudo a sua força secreta está destinada a revelar-se no final, para mostrar quem são os verdadeiros prediletos de Deus: "Os que o temem", fiéis à sua palavra; "os humildes, os famintos, Israel seu servo", isto é, a comunidade do povo de Deus que, como Maria, está constituída por aqueles que são "pobres", puros e simples de coração. É aquele "pequeno rebanho" que está convidado a não temer porque ao Pai aprouve conceder-lhe o seu reino (cf. Lc 12, 32). E assim este cântico nos convida a associar-nos a este pequeno rebanho, a ser realmente membros do Povo de Deus na pureza e na simplicidade do coração no amor de Deus.
4. Aceitemos então o convite que no seu comentário ao texto do Magnificat nos dirige santo Ambrósio. O grande Doutor da Igreja diz: "Esteja em cada um a alma de Maria que engrandece o Senhor, esteja em todos o espírito de Maria que exulta em Deus; se, segundo a carne, uma só é a mãe de Cristo, segundo a fé todas as almas geram Cristo; de facto, cada uma acolhe em si o Verbo de Deus... A alma de Maria engrandece o Senhor, e o seu espírito exulta em Deus, porque, consagrada com a alma e com o espírito ao Pai e ao Filho, ela adora com afecto devoto um só Deus, do qual tudo provém, e um só Senhor, em virtude do qual todas as coisas existem" (Exposição do Evangelho segundo Lucas, 2, 26-27: SAEMO, XI, Milão-Roma 1978, p. 169).
Neste maravilhoso comentário do Magnificat de santo Ambrósio sensibiliza-me de modo particular a palavra surpreendente: "Se, segundo a carne, uma só é a mãe de Cristo, segundo a fé todas as almas geram Cristo: de facto cada uma acolhe em si o Verbo de Deus". Assim o santo Doutor, interpretando as palavras de Nossa Senhora, convida-nos a fazer com que o Senhor encontre um abrigo na nossa alma e na nossa vida. Não devemos apenas levá-lo no coração, mas devemos levá-lo ao mundo, de forma que também nós possamos gerar Cristo para o nosso tempo. Peçamos ao Senhor que nos ajude a magnificá-lo com o Espírito e com a alma de Maria e a levar de novo Cristo ao nosso mundo.

(Papa Bento XVI - Audiência Geral: Quarta-feira, 15 de Fevereiro 2006)





3. O «Magnificat» da Igreja que está a caminho

35. Na fase actual da sua caminhada, a Igreja procura, pois, reencontrar a união de todos os que professam a própria fé em Cristo, para manifestar a obediência ao seu Senhor que orou por esta unidade, antes do seu iminente sacrifício. Ela vai avançando na «sua peregrinação... e anunciando a paixão e a morte do Senhor até que ele venha». [87] «Prosseguindo entre as tentações e tribulações da caminhada, a Igreja é apoiada pela força da graça de Deus, que lhe foi prometida pelo Senhor, para que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza humana, mas permaneça digna esposa do seu Senhor e, com o auxílio do Espírito Santo, não cesse de se renovar a si própria até que, pela Cruz, chegue á luz que não conhece ocaso». [88]
A Virgem Maria está constantemente presente nesta caminhada de fé do Povo de Deus em direcção à luz. Demonstra-o de modo especial o cântico do «Magnificat», que, tendo jorrado da profundidade da fé de Maria na Visitação, não cessa de vibrar no coração da Igreja ao longo dos séculos. Prova-o a sua recitação quotidiana na liturgia das Vésperas e em muitos outros momentos de devoção, quer pessoal, quer comunitária.

«A minha alma glorifica o Senhor,
e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador,
porque olhou para a humildade da sua serva.
De hoje em diante todas as gerações
hão-de me chamar bem-aventurada.
Porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso. E santo é o seu nome:
a sua misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos com os desígnios
que eles conceberam;
derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes
encheu de bens os famintos
e aos ricos despediu-os de mãos vazias.
Socorreu Israel, seu servo,
recordando-se da sua misericórdia,
como tinha prometido aos nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre» (Lc 1, 46-55). 


36. Quando Isabel saudou a jovem parente, que acabava de chegar de Nazaré, Maria respondeu com o Magnificat. Na sua saudação, Isabel tinha chamado a Maria: primeiro, «bendita» por causa do «fruto do seu ventre»; e depois, «feliz» (bem-aventurada) por causa da sua fé (cf. Lc 1, 42. 45 ). Estas duas palavras abençoantes referiam-se directamente ao momento da Anunciação. Agora, na Visitação, quando Isabel, na sua saudação, dá um testemunho daquele momento culminante, a fé de Maria enriquece-se de uma nova consciência e de uma nova expressão. Aquilo que no momento da Anunciação permanecia escondido na profundidade da «obediência da fé» dir-se-ia que agora daí irrompe, como uma chama clara e vivificante do espírito. As palavras usadas por Maria, no limiar da casa de Isabel, constituem uma profissão inspirada desta sua fé, na qual se exprime a resposta à palavra da revelação, com a elevação religiosa e poética de todo o seu ser no sentido de Deus. Nessas palavras sublimes, que são ao mesmo tempo muito simples e totalmente inspiradas nos textos sagrados do povo de Israel, [89] transparece a experiência pessoal de Maria, o êxtase do seu coração. Resplandece nelas um clarão do mistério de Deus, a glória da sua inefável santidade, o amor eterno que, como um dom irrevogável, entra na história do homem.
Maria é a primeira a participar nesta nova revelação de Deus e, mediante ela, nesta nova «autodoação» de Deus. Por isso proclama: «Grandes coisas fez em mim ... e santo é o seu nome». As suas palavras reflectem a alegria do espírito, difícil de exprimir: «O meu espírito exulta em Deus, meu Salvador». Porque «a verdade profunda, tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos... em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação». [90] No arroubo do seu coração, Maria confessa ter-se encontrado no próprio âmago desta plenitude de Cristo. Está consciente de que em si está a cumprir-se a promessa feita aos pais e, em primeiro lugar, em favor de «Abraão e da sua descendência para sempre»: que em si, portanto, como mãe de Cristo, converge toda a economia salvífica, na qual «de geração em geração» se manifesta Aquele que, como Deus da Aliança, «se recorda da sua misericórdia».
37. A Igreja, que desde o início modela a sua caminhada terrena pela caminhada da Mãe de Deus, repete constantemente, em continuidade com ela, as palavras do Magnificat. Nas profundidades da fé da Virgem Maria na Anunciação e na Visitação, a Igreja vai haurir a verdade acerca do Deus da Aliança; acerca de Deus que é Todo-poderoso e faz «grandes coisas» no homem: «santo é o seu nome». No Magnificat, ela vê debelado nas suas raízes o pecado do princípio da história terrena do homem e da mulher: o pecado da incredulidade e da «pouca fé» em Deus. Contra a «suspeita» que o «pai da mentira» fez nascer no coração de Eva, a primeira mulher, Maria, a quem a tradição costuma chamar «nova Eva» [91] e verdadeira «mãe dos vivos», [92] proclama com vigor a não ofuscada verdade acerca de Deus: o Deus santo e omnipotente, que desde o princípio é a fonte de todas as dádivas, aquele que «fez grandes coisas» nela, Maria, assim como em todo o universo. Deus, ao criar, dá a existência a todas as realidades; e ao criar o homem, dá-lhe a dignidade da imagem e da semelhança consigo, de modo singular em relação a todas as demais criaturas terrestres. E não se detendo na sua vontade de doação, não obstante o pecado do homem, Deus dá-se no Filho: «Amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito» (Jo 3, 16) Maria é a primeira testemunha desta verdade maravilhosa, que se actuará plenamente mediante «as obras e os ensinamentos» (cf. Act 1, 1) do seu Filho e, definitivamente, mediante a sua Cruz e Ressurreição.
A Igreja, que, embora entre «tentações e tribulações», não cessa de repetir com Maria as palavras do Magnificat, «escora-se» na força da verdade sobre Deus, proclamada então com tão extraordinária simplicidade; e, ao mesmo tempo, deseja iluminar com esta mesma verdade acerca de Deus os difíceis e por vezes intrincados caminhos da existência terrena dos homens. A caminhada da Igreja, portanto, já quase no final do Segundo Milénio cristão, implica um empenhamento renovado na própria missão. Segundo Aquele que disse de si: «(Deus) mandou-me a anunciar aos pobres a boa nova» (cf. Lc 4, 18), a Igreja tem procurado, de geração em geração, e procura ainda hoje cumprir esta mesma missão.
O seu amor preferencial pelos pobres acha-se admiravelmente inscrito no Magnificat de Maria. O Deus da Aliança, cantado pela Virgem de Nazaré, com exultação do seu espírito, é ao mesmo tempo aquele que «derruba os poderosos dos tronos e exalta os humildes... enche de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias ... dispersa os soberbos... e conserva a sua misericórdia para com aqueles que o temem».
Maria está profundamente impregnada do espírito dos «pobres de Javé» que, segundo a oração dos Salmos, esperavam de Deus a própria salvação, pondo nele toda a sua confiança (Sl 25; 31; 35; e 55). Ela, na verdade, proclama o advento do mistério da salvação, a vinda do «Messias dos pobres» (cf. Is 11, 4; 61, 1). Haurindo certeza do coração de Maria, da profundidade da sua fé, expressa nas palavras do Magnificat, a Igreja renova em si, sempre para melhor, essa própria certeza de que não se pode separar a verdade a respeito de Deus que salva, de Deus que é fonte de toda a dádiva, da manifestação do seu amor preferencial pelos pobres e pelos humildes, amor que, depois de cantado no Magnificat, se encontra expresso nas palavras e nas obras de Jesus.
A Igreja, portanto, está bem cônscia ― e na nossa época esta sua certeza reforça-se de modo particular ― não só de que não podem ser separados estes dois elementos da mensagem contida no Magnificat, mas também de que deve outrossim ser salvaguardada cuidadosamente a importância que têm os «pobres» e a «opção em favor dos pobres» na palavra de Deus vivo. Trata-se de temas e problemas organicamente conexos com o sentido cristão da liberdade e da libertação. Maria, «totalmente dependente de Deus e toda ela orientada para Ele, ao lado do seu Filho, é a ícone mais perfeita da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos. É para Maria que a Igreja, da qual ela é Mãe e modelo, deve olhar, a fim de compreender na sua integralidade o sentido da própria missão». [93]
















DIRETÓRIO FRANCISCANO -  CÁNTICO DE LA VIRGEN MARÍA: «Magníficat» (Lc 1, 46-55)

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